quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Rio ou Chicago?

Joana Calmon, da Globonews (sem preconceito contra o sobrenome associado) foi a primeira repórter que vi transmitir uma notícia dando risada, como se fosse do CQC - hoje, 30/09/2009. Era sobre a chegada dos lobistas das cidades candidatas às Olimpíadas 2016 a Copenhagen, na Dinamarca, onde o Comitê Olímpico escolheria a cidade-sede dos jogos. Às gargalhadas, ela disse que Michelle Obama acabava de chegar, para antecipar o lobby que o marido faria pela eleição de Chicago no dia seguinte (a mulher do presidente norte-americano NÃO tropeçou na escada do avião) e que o Lula (provavelmente amigo de infância do avô da repórter, dada a intimidade) chegaria em seguida, com o mesmo objetivo, não de antecipar o lobby de Obama, claro, mas o de fortalecer a candidatura do Rio, ao lado de Pelé - que confundiria Michael Jordan com Michael Jackson, logo depois (isso ela não sabia).

Repórteres mal humorados são mais comuns, assim como as notícias pesadas sobre governantes como Lula e Obama ao lado de seus colegas Ahmadinejad, Micheletti, Kadafi, Bibi Netanyahu etc. Talvez isso desculpe a bela e jovem repórter. Afinal, aquela era a notícia descontraída (hoje obrigatória) do dia.

Mas o que me preocupou nessa história foi o silêncio sepulcral (é o termo) sobre o assassinato de golfinhos por jovens dinamarqueses das ilhas Feroe, numa espécie de bar-mitzvah macabro que tem sido tão divulgado nas redes sociais, nas últimas semanas, quanto ignorado pela mídia formal. Talvez por isso, a velha senhora venha perdendo tanto espaço e respeito, dos grandes salões às lanhouses da periferia, ultimamente.

Pode ser que o assassinato de jovens golfinhos por jovens dinamarqueses (que não têm mais nada de esquimós) não passe de uma grande conspiração do Greenpeace ou do WWF na Internet, mas não custava à mídia investigar. Afinal, o país Dinamarca vai abrigar, em dois meses, a Cop 15 - Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima - conferência histórica que deve definir o futuro da humanidade baseada ética da nossa convivência com os recursos naturais. Se as correntes marinhas do deputado Gabeira chegarem a Ipanema manchadas de sangue, vai ser um deus-nos-acuda.

A imagem acima foi extraída do site http://www.do1thing.org/tag/homeless ,para você adivinhar se a foto foi feita no porão da Igreja da Candelária ou num home shelter da sweet home Chicago.

Pano rápido: Hugo, meu caro. Não pretendo me deslocar até Las Vegas para ver o espetáculo sensorial não-itinerante do Cirque du Soleil onde as poltronas conversam com você e tudo o mais. Não é assim que eu vejo circo. Mas o palhaço sideral que acaba de chegar aos telejornais me chamou a atenção. Cabe a você me convencer de que palhaço não merece respeito (não vale os doutores da alegria).

4 comentários:

  1. Aplausos pelo post sobre a matança de Golfinhos na Dinamarca. Eu, como vc, também estranho o silêncio dos "coleguinhas" que ainda temem a pecha de ecochatos. Lastimável. Bj

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  2. Pois é, Juliana. Voltando ao tema das Olimpíadas, há pouco, vi a lambuzeira dos telejornais da manhã em cima do tema, com cobertura ao vivo da festa armada no Rio etc. Abaixo, o letreiro móvel noticiava a morte de quatro bandidos pela polícia no bairro de Humaitá, duas execuções na Zona Sul de SP e o julgamento do Carambola, segundo do Marcola do PCC.

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  3. Roberto, pergunto: O que faz um idiota que tem 35 milhões de dólares para torrar? Socializa ou vai pro espaço?... Os palhaços são a hipérbole do humano, nesse caso, o exagero do egocentrismo com verba sobrando! Abçs Hugo

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  4. Hugo,o cara engolia fogo e quer chamar a atenção para a falta d'água. Freud explica. Quanto ao cirque du soleil, eu sempre achei meio ...canadense. Prefiro os Parlapatões.

    Roberto Pinto.

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