quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Atualidades Atlântida


Ontem, 24/08/2010, há 56 anos, morria Getúlio Vargas

Tirando o noticiário policial - a quadrilha que José Roberto Arruda diz ter herdado de Joaquim Roriz, a condenação de Anthony Garotinho e a invasão do Intercontinental pelo bonde do Nem - confesso não estar acompanhando as notícias da atualidade, como fazia, quando era garoto, uma vez por semana, no cinejornal acima citado: a baboseira das celebridades candidatas, a briga dos esclarecidos contra o tom pastel da campanha do Serra (claro, vi que o Estadão de ontem, 24, comparou o PT ao PRI mexicano), o ensaio da polícia no Maracanã para a Copa dos sem-estádio, a queda do avião da Embraer na China, a estupidez da polícia Indonésia, fatos tão próximos.

Se continuarem morrendo chineses – perguntam-me os meus vizinhos de condomínio – quem vai construir os estádios para a Copa e para a Olimpíada? – Segundo eles, os nordestinos desistiram de reconstruir São Paulo depois que o Bolsa-Família foi inventado pelo Jacob Bittar, alçado à condição de resposta social pelo Cristóvam Buarque e federalizado pelo FHC, embora nunca antes, neste país etc. Segundo os meus vizinhos, teremos que importar um caminhão, não, um navio de chineses para a Copa e para a Olimpíada.

Às notícias: temos as queimadas, responsabilidade do tempo seco. Segundo o JN, a candidata Dilma faria um comício, ontem à noite (24/8), justamente em Cuiabá, MT, onde Código Florestal é palavrão. Se as queimadas não passam do bloco das notícias sobre o tempo – e um servicinho para mães alvoroçadas pela própria televisão – imaginem onde ficam as pautas sobre a qualidade da Educação, sobre a fiscalização das famílias do Bolsa Família, sobre os planos de Saúde, sobre o peso da máquina administrativa, as reformas, a existência divina ou o consumismo exacerbado da nova classe média. Nem a fome do PMDB – que pode vir a governar o país, já pensaram nisso? – chega a preocupar. O que dizer da moralidade na política, da segurança, do transporte e da saúde públicas?

Não tenho ouvido falar desses temas tratados seriamente no debate eleitoral. Do pouco que vi, não sei o que é pior: se o pobre do Serra, arrastando o senhor Pedregulho numa visita ao metrô de São Paulo, ou a coitada da Dilma, vergada ao peso do nosso líder, que já admite saudades do poder e uma imensa disposição para ajudar.

Ainda sobre essas eleições, ignoro – e me envergonho disso – qualquer candidato ao(s) parlamento(s) e tive pena do Aloysio Nunes Ferreira – nada pessoal – último colocado numa lista com todos aqueles candidatos ao Senado por São Paulo – a jóia da coroa – da Martha Suplicy ao pagodeiro Netinho. Diverti-me, data venia, como todo mundo, com as propostas do Plínio, que já disputa com a Marina Silva aquele espaço no camafeu que as pessoas de bem costumavam carregar sobre o peito, no tempo do Machadão.

A seleção terminou, o Galvão já até deu entrevista à Mônica Bérgamo dizendo que mora em Mônaco por conveniência (a Educação do filho mais novo, nada a ver com o Imposto de Renda), o Neymar resolveu permanecer no Santos e o novo telejornal que a Globonews criou para preencher aquele espaço do horário político nas casas brasileiras com tinta e reboco – chamado Em Pauta – entrevistou, no primeiro programa, o correspondente da BBC, Tim Vickery, no segundo, o ex-jogador Leonardo e no terceiro, a ginasta-bailarina Debora Kolker. Respeito o Sérgio Aguiar e seus convidados, mas, em matéria de globais, sou mais a Maria Beltrão, a Astrid Fontenelle e o Tiago Leifert.

Resta-me, portanto, acompanhar as impressões trazidas por minha companheira, bacharel em Matemática, que sempre foi responsável, lá em casa, pelo senso, e hoje responde por uma parcelinha do censo, aqui nas imediações da Rede Globo e do shopping Morumbi. Nesse local, velhinhos que criam galinhas em seus quintais disputam paixões, aromas, sabores e recheios com velhinhas que criam cachorros nas casas ao lado, onde, ao mesmo tempo, derrubam-se centros de cirurgia plástica e erguem-se novos condomínios. Pelo menos, essas informações são verdadeiras e atuais.