segunda-feira, 15 de março de 2010

Fórmula o quê?



O tudo ou nada da Globo e da Bandeirantes

Reflexões-relâmpago podem ter espaço na Internet, mas não são do meu feitio. Tentei saber um pouco mais do que moveu aquele cidadão a matar o Glauco e seu filho – a raiz da violência, o misticismo, a desinformação, a drogalhada ou o hedonismo que grassa por aí – mas não pude. Imerso em meu próprio tráfego, tentei: primeiro o Uol e o Terra – livres do viés integral do G1, mas sem a força do rádio e da tv. Depois, fui aos talk shows travestidos de jornalismo da Globo e, finalmente, à Bandeirantes (Bandnews TV, rádio Bandnews, rádio Bandeirantes, TV Bandeirantes). Novamente, não consegui.

Condicionado, voltei várias vezes aos canais da família Saad, até perceber que o mundo havia parado, nos altos do Morumbi, para dar passagem ao grande evento da emissora, em toda a sua vasta programação. Nos poucos segundos de minhas vãs tentativas de ver e ouvir algo que não tivesse relação com o autorama da emissora, fiquei sabendo que o treino do sábado tinha sido cancelado por falta de aderência da pista do sambódromo, que, no entanto, seria raspada, durante a noite, para não frustrar o grande espetáculo.

Na Globo, o evento que tomou conta da grade da Bandeirantes, simplesmente inexistiu. Claro. Quem viu as corridas, diz que na Globo, o Galvão conseguiu queimar a bandeirada final com uma volta de antecedência e, na concorrência, o Luciano do Valle confundiu o carro da musa da prova, amarelo e azul (23) com outro, azul e amarelo (24) no acidente causado pela poeira que sobrou da reforma da pista na madrugada de domingo (14).

Na imprensa diária (Folha e Estadão) desta segunda-feira (15), nenhuma contestação, nem ao fato, nem à cobertura (reforçada, o tempo todo, pela política municipal): solidariedade, conveniência ou conspiração? – A propósito: agora há pouco (dia 15, 19 horas), ouvi um trecho do intenso debate entre os jornalistas Milton Jung, Marisa Tavares e Marlon Brum, do Extra (todos das Organizações Globo) no programa Notícia em Foco, da CBN (19 horas): estavam todos indignados com o viés impresso pelos assessores de imprensa dos políticos às informações transmitidas à mídia que, neste caso, precisa depurar tudo e correr atrás de outras fontes para entregar uma informação isenta à sociedade.

“O papel deles”, definiu o gremista Milton Jung, “é intermediar a informação passada aos jornalistas, com transparência total, e não dourar a pílula para garantir seus respectivos empregos, como estão fazendo”. Corretíssimo. Mas... e o papel da imprensa que ignora um grande evento da empresa concorrente, ou daquela que finge não ver o que vai pelo mundo, para engordar um pouquinho o seu caixa?
Foto: autorama, Folia e Fantasia

Um comentário:

  1. Prezado Roberto

    Seu texto, a originalidade do teu enfoque e a correção da sua posição neste caso estão irretocáveis. Eu já queria ter registrado isso no post anterior, do Terremoto, mas esse último não podia passar em branco sem registrar isso.

    abraço
    Victor Esteves

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