quarta-feira, 16 de junho de 2010

Chegou a hora


Marina Silva perdeu a chance de antecipar o discurso de Barak Obama, ontem (15), sinalizando uma nova era na matriz energética mundial, em face do desastre no Golfo do México. Na audiência do Congresso norte-americano, hoje, 16, só faltou José Sérgio Gabrielli, da Petrobras. CEO’s da Exxon, Shell e Chevron – que já investem em fontes renováveis de energia há alguns anos – fingiram jogar a toalha, admitindo a mudança de paradigmas proposta por Obama, depois, é claro, de circunscrever a responsabilidade pelo acidente e suas conseqüências à petroleira britânica.

Pode ser que a Petrobras, líder mundial na exploração de óleo em águas profundas, esteja imune a uma ocorrência semelhante. Mas imprensa brasileira repercutiu timidamente a questão, ao contrário do espaço dedicado à briga pelos royalties do Pré-Sal. Também é possível que as previsões de Obama estejam exageradas, em face do petróleo que o mundo deve consumir, nos próximos 50 anos. Mas não se pode ignorar as transformações que as pessoas vêm operando em seus próprios hábitos – independentemente de ideologia – nem os reflexos da consciência ambiental na educação, na cultura, na produção e na própria esfera política: Marina Silva é uma prova disso.

Na euforia de Copa do Mundo (a justificativa do momento é que o brasileiro gosta muito de futebol), os meios de comunicação formais não têm dado atenção ao debate da energia, assim como a outros temas deixados ao relento: o reajuste dos aposentados (sem o fator previdenciário), a greve do judiciário paulista (lembro-me da surpresa de uma amiga, há poucos dias, ao constatar a existência de um curso de Administração Judiciária nos EUA), os fantasmas do Senado e, sobretudo, o debate político, que continua longe das reformas de que o país necessita de fato (hoje tem Marina no Uol, sábado às 15 horas, Serra no Roda Viva pela web).

Sobre a Copa, recomendo o artigo de Fernando Barros e Silva, na FSP de hoje (16): “Medíocre, sem brilho, apático, previsível. O Brasil fez uma estréia sofrível na Copa do Mundo. Tostão e Paulo Vinícius Coelho saberão explicar mais e melhor as deficiências dessa seleção de gladiadores. Mas mesmo aí, nessa identidade de guerreiros da pátria que foi forjada, com a mão de Dunga, para fins de mercado, há um abismo entre o que a propaganda vende e a mercadoria que foi entregue em campo”.

Enquanto isso, fiz questão de assistir ao noticiário da TVE, neste dia de estréia da Fúria (lembrando o último post deste blog, Cuenta Atrás). O principal tema de Ana Pastor foi o debate do aumento de 4% que Zapatero está propondo na tarifa de energia elétrica; o segundo, a reforma trabalhista, enquanto o país vive a ameaça de uma greve geral; o terceiro, o ajuste de E 19 bi que Bruxelas exige da Espanha. A Fúria, que no momento em que escrevo, joga contra a Suíça, não ganhou mais de 30 segundos na TVE, sob a seguinte palavra de ordem: prudência. Além, é claro das manchetes esportivas dos jornais da península, um dos quais dedicou sua manchete de hoje ao Bloody Sunday (Londonderry, 30/01/1972), pelo qual o premier britânico, ontem, pediu desculpas à nação.

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