sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Mídia Impressa

Nesta semana de Futurecom, o Estadão publicou matéria de capa sobre a Feira do Livro de Frankfurt e sobre o e-book, que chegou rasgando no Brasil, como diria o Galvão Bueno. Mais de 5 mil títulos e preços que, nos EUA, variam de US$ 1,50 a US$ 10, em média. Você pode consultar o dicionário e assinalar frases sem deixar a sua marca indelével na história, como diria Fiori Giglioti. Infelizmente, não vi o produto nos varejões dos jornais desta sexta-feira, como não os verei neste fim de semana. A minha fantasia sempre foi abrir jornal e achar encartes vendendo motor de barco, rolex e champagne francês, em vez de liquidificadores. Não vai rolar.

Também não vou entrar naquela discussão antiquada (mesmo para o Roberto Faith) de quem veio depois e irá antes, o “suporte” papel ou o “meio” eletrônico, pergunta com a qual os jornalistas de vídeo sempre se deparam, ao serem entrevistados por seus colegas dos canais universitários: “O rádio não acabou com a televisão”, eles respondem, complacentes. Mas uma dúvida permanece: o jornal impresso está perdendo o seu poder de influência?

Há poucas semanas, coordenei uma pesquisa junto a um grupo de gestores de Comunicação para aprimorar o monitoramento de imagem que fazemos para empresas e instituições com presença constante na mídia. Algumas opiniões surpreenderam. Em relação ao último termômetro que acompanhei de perto, o rádio, nos grandes centros – onde o trânsito é sempre difícil – subiu de patamar (de 2 pontos para 2,5, numa escala de 0 a 10), assim como a TV (de 3,5 para 4), e a Internet (de 1 para 1,5), enquanto que a mídia impressa, com toda a consideração dos jornais gratuitos ou semigratuitos, caiu de 6 para 5.

Sempre lemos muito menos que os vizinhos argentinos, por exemplo – e não por acaso, apesar da relação complicada dos jornais de lá com o(s) governo(s), que não vem de hoje – mas estaríamos lendo menos ainda? – Parece que sim, Infelizmente. Mas, então, por que o jornal impresso influi mais, na formação da opinião pública, do que os outros meios? – Certamente, a credibilidade (que as empresas deveriam fortalecer, fugindo dos partidarismos); sem dúvida, a durabilidade (apesar da ilustração acima, uma brincadeira minha com o José Paulo Kupffer); a qualidade, muito fácil de se aferir, até numa simples comparação de edições concorrentes, mas, acima de tudo, a capacidade de pautar a sociedade, influenciando a cabeça dos fazedores do jornalismo, que, felizmente (ainda) estão por aí e (ainda) pensam.

Todo esse arrazoado aí acima, na verdade, não tem outro propósito senão saudar os ventos de Lisboa e dos grotões do Interior que vêm inflar a imprensa diária dos grandes centros, trazendo novo ânimo ao nosso sovado pensar: o Brasil Econômico (força, Costábile, força, Ricardo) e o Diário de São Paulo, no qual o Jota Ávido (salve, companheiro) deve preservar, não apenas o enfoque, mas uma redação de 380 pessoas. Benvindos! – E se você preferir uma análise mais séria e otimista (!) do fenômeno, é só ler o artigo do meu concorrente Matias Molina (ex-Gazeta Mercantil) no Estadão de hoje. Molina, desculpe a pretensão.