sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Antifumo esbarra na Lei Psiu

A lei antifumo entrou em vigor no dia 7 de agosto em todo o Estado de SP. Nesta sexta-feira, dia 14 de agosto, sete dias após o início, as determinações da lei antifumo começam a bater de encontro com uma outra lei da capital paulista, a lei Psiu. (Daniela Paixão, UOL Notícias, 14/08).

Márcia, Daniela, Janaína (donas de bar, livraria e restaurante na região da Praça Roosevelt, com as quais conversei, ontem à noite): como vocês vêem, estou ficando lento – a imprensa chegou na frente. Mas a minha intenção, neste post, não era discutir o conflito entre as duas Leis, o seu mérito, as distorções (os bares não podem colocar cinzeiros na calçada) ou o acúmulo de restrições e a dificuldade de acesso à diversão e à cultura nas grandes cidades.

Afinal, com a lei Antifumo, ganharam: a saúde dos garçons, a gastronomia, os não-fumantes que bebem; perderam: os bares em geral, os fumantes e a autonomia dos proprietários desses estabelecimentos. Com a lei Psiu, foram beneficiados os moradores da Vila Madalena e do Leblon (principalmente); perderam os boêmios, os baladeiros, os piratas, os marinheiros, os artistas, as dançarinas, os cabarés e tudo o mais que canta o fado. Dá para harmonizar essa paisagem? – As pessoas dizem que sim. Que os fumantes farão silêncio, que os bares poderão colocar cinzeiros nas calçadas, que os fumódromos se integrarão às casas noturnas e bares para fumantes serão permitidos, como os de Holanda.

Mas o que me intriga nessa questão é o desvio, o excesso, a unilateralidade, a presunção, toda essa parentada do autoritarismo. Não é conversa de hippie. Quem enfrentou uma ditadura e foi obrigado e cruzar o oceano, em busca de outro horizonte, sabe disso. Muitos de nós, aliás, ainda estão por aí, em barcos separados – é a vida – mas meio esquecidos do que representa uma tempestade em alto mar. Sim, governar a sociedade atual é mais difícil. Não se navega sem piloto, de acordo. Mas, convenhamos: o assessor da subprefeitura que comandou as pesadas multas aplicadas aos bares, teatros, livraria e restaurantes da Praça Roosevelt, no último final de semana, e depois comandou o pânico, na festa Gambiarra, do Hotel Cambridge (onde a classe teatral costuma se divertir), exagerou.

Assim como as mudanças do trânsito no meu bairro, o Brooklin, há duas semanas, pela CET, as novas regras não foram precedidas por uma pesquisa das necessidades, características e condições de funcionamento dos estabelecimentos acima citados – e isso também me preocupa. Não dá para impor regras traçadas num gabinete sem considerar as variáveis citadas, a experiência local, sem consultar os interessados, enfim, sem participação. A não ser no caso do reizinho que ilustra este post, cujo pai, Otto Soglow, morto em 1975, observou com fina ironia, no traço fácil que ilustrou jornais de todo o mundo, da década de 1940 até sua morte.


Ilustração retirada do site www.meguimaraes.com/subrosa/arquivo/cat_blog.html

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Conteúdo

Depois da badalada estréia dos Parlapatões na última sexta (7/08) e mesmo correndo o risco de ser chamado de Senador por favorecer os amigos neste blog – mais concorrido que o do Abílio Diniz, que começou hoje – ouso comemorar o aniversário de um outro escritor, o Jorge Amado (10/08) indicando o novo álbum do Spacca, Jubiabá, que a Cia das Letras lança nesta quinta-feira, às sete da noite, na livraria HQMIX , justamente ao lado dos Satyros e dos Parlapatões, na Praça Roosevelt. - Quem sabe o livro não vai parar no supermercado? - Mudando de tema, bons tempos aqueles, em que artistas como Jorge podiam ter esperança, mesmo traçando o perfil de uma sociedade injusta e desigual. Hoje, tenho que fazer força para vencer o cinismo, o que só agravaria a barbárie. Tento compensar cenas como as que foram mostradas no Repórter Record ontem (9) – nada parecidas com o argumento de Jubiabá e semelhantes só na forma ao Notícias de uma Guerra Particular, de João Moreira Salles – com a peça dos parlapas, o álbum do Spacca, o filme da Taciana e do Arnaldo Antunes ( http://www.youtube.com/watch?v=1bklffwG1MQ) e o sonho de Marina Silva candidata, inspirado pelo bom programa de Cristiana Lobo deste último sábado (8) na Globonews. Além, é claro, do novo espetáculo da trupe dos Pederneiras, um patrocínio à prova de CPI. Tudo gente de verdade, que tive o privilégio de ver e ouvir, em conversa ou entrevista, em tempos recentes.