quarta-feira, 1 de julho de 2009

Quem patrocina a seleção brasileira?

O texto abaixo foi feito logo após a comemoração mística da vitória da seleção na Copa das Confederações, no último domingo (28/06). Enviei-o a alguns amigos que me acompanharam nas preliminares deste blog. Hoje, nossa data de estréia, encontrei uma abordagem semelhante, do jornalista Ricardo Acampora, da BBC, postada no dia 30/06, no blog do Juca Kfouri (veja link abaixo). Bem, sinal de que não estranhei aquilo sozinho. A web tem dessas coisas: menos furolatria e mais convergência. Agora, vocês podem acompanhar as duas abordagens.

Quem patrocina a seleção canarinho?

As comemorações da Copa das Confederações tiveram um porém: - Quem, afinal, patrocina a seleção brasileira? – As empresas que exibem seus logotipos na camisa canarinho em troca das verbas que bancam o time, ou a igreja Renascer em Cristo e assemelhados? – É lícito, ético ou moral – questiono – sobrepor Jesus a marcas meramente comerciais, nessas ocasiões? – E, indo além: é legítimo explorar uma cobertura jornalística, em pico de audiência, para veicular a mensagem de uma determinada fé religiosa? – Não seria esta uma invasão inaceitável da liberdade alheia, num momento de espíritos desarmados, propício, portanto, à volúpia daqueles que parecem justificar suas crenças na necessidade de converter novos adeptos, beirando o fanatismo?

Se a Copa tivesse sido vencida pela seleção do Irã e seus atletas tivessem aproveitado os momentos que precederam o acesso ao palanque da Fifa para exibir gestos, frases e bandeiras de exaltação à fé mulçumana, os editores das emissoras ocidentais teriam sustentado essas imagens pelo tempo em que as tevês brasileiras reproduziram a farra pentecostal que sucedeu a vitória do Brasil sobre a seleção norte-americana? – Até que ponto o silêncio dos jornalistas brasileiros em relação à propaganda ostensiva dos nossos atletas de Cristo, já de alguns anos, reflete o receio de uma patrulha anti-preconceito ou um conformismo incompatível com o seu compromisso profissional?

Para quem, como eu, pensa que religião é livre-arbítrio e não o ponto final de uma pipeline de vendas no trimestre; para quem, como eu, questiona o direito à catequese, o fanatismo e as guerras religiosas, desde as Cruzadas, o ato de contrição dos jogadores brasileiros – praticamente unânime – deve ter assustado. Com todo o respeito à fé do Lúcio – de cuja determinação e garra me orgulho – quero continuar podendo ter fé no Lúcio. Simplesmente.


http://www.bbc.co.uk/blogs/portuguese/esporte/

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