Raramente eu me felicito por estar afastado do jornalismo, mas ontem (28/7) foi um desses dias. Imaginem se eu trabalhasse no Uol e tivesse que entrevistar o Russomano ou o Paulo Skaf! – E se a minha pauta fosse repercutir o vexame da Ferrari junto ao Barrichello (Fellini gostava mais da Maserati, mas Nino Rotta musicou o Poderoso Chefão 3 –seria este um argumento?). E que tal escrever sobre a morte do Rafael Mascarenhas, no Rio – como me cobraram – sabendo, de antemão, tudo o que aconteceu nos bastidores, desde o momento em que a primeira notícia foi transmitida, e por quanto tempo essas ocorrências terão que se repetir, nesses trópicos?
Que me perdoem os doutores Nize Iamaguti e Artur Katz, oncologistas de peso, Michael Christensen e Wellington Nogueira (clows care’s), soldados norte-coreanos, iogues indianos, meninas balinesas, modelos famintas, marronzinhos de São Paulo, professores (as) de alemão e de matemática, bóias-frias das queimadas da palha de cana, polícias montadas canadenses, cocheiros em contos russos – vida de jornalista também não é fácil. Dirigir um Roda-Viva sobre o fim da palmada, falando reservadamente com todos, como o meu amigo HB, na última segunda-feira (26/7), ou cobrir o fim do matrimônio do Celulari (alô, Bauru!) com a Cláudia Raia, convenhamos, não são tarefas desafiadoras.
Se eu fosse da imprensa esportiva, não poderia ter comentado, como comentei, no sábado (24), que o Mano já ia tarde, por ser teimoso e não apostar no Jucilei, que ele acabou escalando, no domingo (25), quando o Corínthians voltou à liderança do brasileirão e, em seguida, convocando para a seleção. Já se trabalhasse num caderno de Cotidiano (ou de Cultura), teria que registrar o sucesso de vendas do DVD pornô-pirata da Elisa Samudio na feira do último domingo, no Brooklin (bairro de classe média alta), pau a pau com as cópias do filme sobre o Chico Xavier.
Em NY, não sei se teria alcançado a Newyorker ou estaria trabalhando na emissora do prefeito, como dezenas de coleguinhas daqui – Pior: em vez de discutir a soberania do Afeganistão, conseguiria repercutir o vazamento (the lick) dos informes do Pentágono sobre a guerra, como o coitado do Paquinha? (perdão, Luiz Fernando Silva Pinto): - A senhora aí, do cachorro-quente, acha justo informar ao cidadão comum quantos civís foram sacrificados nas montanhas de Hindu Kush, em nome da teoria de poder norte-americana de expansão igual à segurança? - Consultem Surprise, security and the american experience, de John Lewis Gaddis.
Ok, se fosse espanhol, poderia estar comentando a proibição da corrida de touros na Catalunha – tema capital, hoje, no país mais antigo da Europa – e, se fosse da TV5 Monde, talvez estivesse escrevendo mais um capítulo de um desenho animado explicando aos garotos canadenses como funciona um congresso, ou ainda, quem sabe, o roteiro de um documentário sobre a opressão da mulher através dos séculos nos contos de fada.
Tudo isso passou pela tevê por assinatura, entre ontem e hoje. Por isso, posso me considerar um cara de sorte. Infelizmente, essa alegria não vai durar: hoje, a seqüência de reportagens sobre os programas sócio-educativos do Criança Esperança, deve me devolver a nostalgia das grandes redações, embora o ideal seria que esses projetos virassem regra, em vez de exceção. Esta sim, seria uma sorte para ninguém botar defeito.
Que me perdoem os doutores Nize Iamaguti e Artur Katz, oncologistas de peso, Michael Christensen e Wellington Nogueira (clows care’s), soldados norte-coreanos, iogues indianos, meninas balinesas, modelos famintas, marronzinhos de São Paulo, professores (as) de alemão e de matemática, bóias-frias das queimadas da palha de cana, polícias montadas canadenses, cocheiros em contos russos – vida de jornalista também não é fácil. Dirigir um Roda-Viva sobre o fim da palmada, falando reservadamente com todos, como o meu amigo HB, na última segunda-feira (26/7), ou cobrir o fim do matrimônio do Celulari (alô, Bauru!) com a Cláudia Raia, convenhamos, não são tarefas desafiadoras.
Se eu fosse da imprensa esportiva, não poderia ter comentado, como comentei, no sábado (24), que o Mano já ia tarde, por ser teimoso e não apostar no Jucilei, que ele acabou escalando, no domingo (25), quando o Corínthians voltou à liderança do brasileirão e, em seguida, convocando para a seleção. Já se trabalhasse num caderno de Cotidiano (ou de Cultura), teria que registrar o sucesso de vendas do DVD pornô-pirata da Elisa Samudio na feira do último domingo, no Brooklin (bairro de classe média alta), pau a pau com as cópias do filme sobre o Chico Xavier.
Em NY, não sei se teria alcançado a Newyorker ou estaria trabalhando na emissora do prefeito, como dezenas de coleguinhas daqui – Pior: em vez de discutir a soberania do Afeganistão, conseguiria repercutir o vazamento (the lick) dos informes do Pentágono sobre a guerra, como o coitado do Paquinha? (perdão, Luiz Fernando Silva Pinto): - A senhora aí, do cachorro-quente, acha justo informar ao cidadão comum quantos civís foram sacrificados nas montanhas de Hindu Kush, em nome da teoria de poder norte-americana de expansão igual à segurança? - Consultem Surprise, security and the american experience, de John Lewis Gaddis.
Ok, se fosse espanhol, poderia estar comentando a proibição da corrida de touros na Catalunha – tema capital, hoje, no país mais antigo da Europa – e, se fosse da TV5 Monde, talvez estivesse escrevendo mais um capítulo de um desenho animado explicando aos garotos canadenses como funciona um congresso, ou ainda, quem sabe, o roteiro de um documentário sobre a opressão da mulher através dos séculos nos contos de fada.
Tudo isso passou pela tevê por assinatura, entre ontem e hoje. Por isso, posso me considerar um cara de sorte. Infelizmente, essa alegria não vai durar: hoje, a seqüência de reportagens sobre os programas sócio-educativos do Criança Esperança, deve me devolver a nostalgia das grandes redações, embora o ideal seria que esses projetos virassem regra, em vez de exceção. Esta sim, seria uma sorte para ninguém botar defeito.
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