domingo, 26 de julho de 2009

Teorema de Waack


O médico do piloto Felipe Massa, Dino Altmann, afirmou, na manhã deste domingo (26), que segundo o neurologista que trata do caso do brasileiro, houve uma melhora no quadro de saúde do piloto. "Ele tem um pouco de afundamento do osso, mas não tem lesão no tecido nervoso do cérebro. O olho não foi afetado. O osso que envolve o olho, que a gente chama de órbita ocular, teve uma fratura. Isso faz parte da lesão que ele teve, mas isso não deve trazer nenhum problema para a visão. É uma situação grave, mas risco iminente de morte, na minha opinião, não existe", disse (Uol, 26/07, 9h01). Uma vez que o moço está fora de perigo, podemos conversar sobre a cobertura da TV Globo, neste fim de semana de poucas notícias nas redações.

O tom dramático da matéria de abertura do Jornal Nacional de ontem (25) sedimentou a chamada no estilo Aqui, Agora do melhor âncora da TV brasileira, William Waack (prêmio Comunique-se 2009), por volta das 19h30 daquela mesma data: o jornalista escondeu o adjetivo induzido por trás do coma do piloto. Foi para garantir mais alguns pontos de Ibope ao maior jornal da tevê brasileira ou por alguma outra razão? - O que deu em você, Waack? perguntei-me, na mesma hora.

Na abertura do JN, Carla Vilhena pareceu tentar compensar a derrapagem: ela destacou a palavra induzido ao falar do coma de Massa, ao contrário do parceiro, momentos antes. Já a matéria da repórter Mariana Becker foi para o ar do jeito que deu: “Felipe Massa sai reto da curva, bate na barreira de pneus e não mexe mais a cabeça. Desacordado, não muda de direção. A pista é rastreada pelos fiscais. A espera por notícias de um dos pilotos mais populares da fórmula um pára o treino, cala o autódromo. A busca de informações começa entre as equipes. Os companheiros dele, o irmão, Edu, estão suspensos numa expectativa assustadora. Ele é atendido na pista, coberto por lençóis e levado ao Centro Médico”. Praticamente um enterro, ironizou um sobrinho (engenheiro) que assistia ao noticiário ao meu lado, certo de que a situação não era tão dramática.

Coube a Galvão Bueno, tão criticado, o solo da gafieira, na terceira reportagem da edição sobre o assunto (a segunda foi A Viagem da Família para a Hungria, que terminou com um close da esposa do piloto, Rafaela, pedindo orações às pessoas que tem fé). Na qualidade de uma das sete pessoas que tiveram acesso centro cirúrgico, Galvão falou: “É bom que se explique isso, que o coma induzido não tem nada a ver com estado de coma. É muito sedativo para que ele descanse ao máximo”.

Eu me recuso a discutir, neste espaço, o entusiasmo da repórter (ela fazia uma cobertura esportiva), mas o Teorema de Waack me chamou a atenção: - Afinal, foi um deslize do profissional de alta envergadura (com fama de elitista) que trabalha num veículo de massa, ou uma falha da emissora, cada vez mais ameaçada pela concorrência, nessa arena em que o Pedro Bial é disputado a peso de ouro com a TV do Sílvio Santos? A explicação de William, na passagem para Galvão, não me ajudou a elucidar o enigma: "Fiquei gelado ao saber da notícia, lembrando a morte de Aírton, mas agora, graças a Deus, uma coisa parece não ter nada a ver com a outra", explicou o âncora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário