segunda-feira, 24 de maio de 2010

Dunga, Mestre e Zangado



Não conheço os detalhes – não sou religioso, nem no futebol – mas agradeci aos deuses o relativo silêncio das emissoras (principalmente), sites e jornais (relativamente) em torno da seleção brasileira, neste fim de semana. Com o perdão dos amigos fanáticos – dois deles, seguidores deste blog, para minha honra e gáudio – estou na contramão da contagem da Globo: por mim, a Copa começaria às 11 horas do dia 11 de junho, a contar do apito inicial de México x África do Sul, em Johannesburgo.

Achei engraçada, a matéria da Sports Ilustrated (O samba está morto), associando a rigidez do nosso treinador ao novo perfil sócioeconômico do país (eu, se pudesse, iria à Brodway uma vez por ano); percebo as necessidades da mídia-negócio e entendo a afirmação do comentarista Edmundo (que se tornou conhecido como o Animal, enquanto jogador), ao rechaçar o mito de que a seleção entregou o jogo à França em troca de sediar o mundial de 2010: “O Brasil não tem educação nem cultura, só o futebol - por isso, somos obrigados a conviver com essas coisas”. Eu não iria tão longe.

No entanto, gostei da trava imposta pelo Dunga ao treino da seleção brasileira (OG, 22/05) porque, afinal, foram menos 48 horas de Mesa Redonda, Futebol Debate, em todos os canais de informação do país. Imaginem se a Veja resolvesse repercutir o fato, entrevistando a Sabrina Sato, do Pânico, em suas páginas amarelas, Ou se a Marília Gabriela tivesse que inquirir o Augusto Nunes e o Paulinho Moreira Leite sobre a ausência de meias na seleção, ontem (23/05) no GNT. O Augusto batia uma bolinha de vez em quando, mas o Paulinho acharia que os chineses estão boicotando a entrega de material esportivo à seleção. E montaria uma tese instantânea a respeito.

E o Manhatan Conection? – Será que o Obama, depois de solapar o Lula na questão do Irã, teria armado uma conspiração para tirar o Ganso (já nem se fala do Neimar) do escrete canarinho? – O que diriam o Caio Blinder e o Diogo Mainardi? – E o Matinas Suzuki, que anda sumido, mas prefaciou a terceira edição brasileira de Hiroshima, de John Hersey? (livro essencial). Bela salada, concordam?

– Enfim, graças ao Dunga, tivemos um fim de semana mais reflexivo, com tempo para sopesar as análises da crise européia, o equilíbrio de forças na campanha eleitoral, o veto presidencial ao fator previdenciário, a habilidade do secretário Nacional de Justiça no Nintendo iiiiiih, a vitória daquele tailandês no Festival de Cannes (encomenda do Tim Burton aos jornalistas brasileiros, que jamais conseguiram pronunciar o nome do vulcão islandês, o Eyjafjallajoekull).
Isso, entre outras questões relevantes, como o próprio bloqueio do Dunga à seleção (que não durou dois dias): - Afinal, o técnico está certo ou errado de evitar o assédio capaz de comprometer a performance do nosso time nessa competição sui generis que é a Copa do Mundo?

Nenhum comentário:

Postar um comentário