quinta-feira, 24 de junho de 2010

Notícias de ontem



Além da brincadeira infeliz de Sandra Anemberg no jornal Hoje (TV Globo) de que São Pedro estragou o São João, no nordeste (45 mortos, 600 desaparecidos, 150 mil desalojados), a principal notícia de ontem (23) virou manchete dos jornais de hoje: Dilma lidera as pesquisas. Mas os fatos novos vieram da crítica de Serra à política econômica (debate Uol, comentários de Elio Gáspari na Folha de SP) – e na frase de Marina Silva em entrevista à Globonews de Míriam Leitão (O Globo), afirmando ser ela a melhor opção dos produtores rurais nas próximas eleições – opção sustentável, ela esqueceu-se de dizer.

Na mesma entrevista, Marina lembrou bem: o governo decidiu promover o etanol em vez de certificá-lo junto aos interessados, os mesmos que acabaram banhando o golfo do México de petróleo, essa commodity fora de moda que, segundo o editorial do Estadão também de ontem, tem sido o maior cabo eleitoral da candidata governista. Já em Belo Monte, nem Lula, com toda a sua popularidade, conseguiu evitar os protestos.

A crítica de Serra: “O Brasil tem três ou quatro recordes dos quais eu me envergonho: as altas taxas de juros e impostos, a "lanterninha" nos investimentos governamentais e a maior hipervalorização da moeda no mundo. Tem um certo arranjo aí que não funciona, e que eu me proponho a consertar". Enunciado desse jeito – observou Gaspari – move poucos votos, mas significa o seguinte: com a taxa de juros a 10,25% ao ano, o Brasil continua a ser o país do mundo onde mais se ganha dinheiro sem precisar trabalhar, emprestando-o ao governo. Finalmente, o real sobrevalorizado barateia as compras em Miami, mas dificulta as exportações.

Correto, mas e o vice do candidato, que não sai? – A militância do PSDB, esse paradoxo, acusa o seu candidato de improvisação e voluntarismo, mas não seriam estas, justamente, as suas principais qualidades, considerando as opções disponíveis no cenário nacional? – Se vivermos, veremos. A propósito da morte, esse medo já não me aflige. Do jeito que andam os meios de comunicação, tenho mais medo da fama: no outro dia, a apresentadora do Metrópolis, da TV Cultura, chamou o Tomzé de cantor baiano e o Ziraldo de autor infanto-juvenil. No TV Fama, a esposa do Kaká disse que a crise de 2008 foi providencial, para que todo o dinheiro do mundo fosse para o no Real Madrid, a fim de que este contratasse o seu marido. Ela não estava brincando: justificou o fato como intervenção divina. Não sei se está no Youtube, mas se estiver, vale a pena.

Finalmente, além da tristeza do Bonner e da Fátima – diariamente, antes da novela – o dia de ontem trouxe, também, a notícia da abobrinha verde e amarela (foto) desenvolvida pelo Embrapa para a Copa do Mundo (Bandnews, 23/6). O que os pesquisadores do órgão não imaginavam era que o Dunga e a Rede Globo resolveriam brigar, bem nessa hora. Competição mais dura do que o jogo desta sexta-feira (25/6), entre Brasil e Portugal.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Chegou a hora


Marina Silva perdeu a chance de antecipar o discurso de Barak Obama, ontem (15), sinalizando uma nova era na matriz energética mundial, em face do desastre no Golfo do México. Na audiência do Congresso norte-americano, hoje, 16, só faltou José Sérgio Gabrielli, da Petrobras. CEO’s da Exxon, Shell e Chevron – que já investem em fontes renováveis de energia há alguns anos – fingiram jogar a toalha, admitindo a mudança de paradigmas proposta por Obama, depois, é claro, de circunscrever a responsabilidade pelo acidente e suas conseqüências à petroleira britânica.

Pode ser que a Petrobras, líder mundial na exploração de óleo em águas profundas, esteja imune a uma ocorrência semelhante. Mas imprensa brasileira repercutiu timidamente a questão, ao contrário do espaço dedicado à briga pelos royalties do Pré-Sal. Também é possível que as previsões de Obama estejam exageradas, em face do petróleo que o mundo deve consumir, nos próximos 50 anos. Mas não se pode ignorar as transformações que as pessoas vêm operando em seus próprios hábitos – independentemente de ideologia – nem os reflexos da consciência ambiental na educação, na cultura, na produção e na própria esfera política: Marina Silva é uma prova disso.

Na euforia de Copa do Mundo (a justificativa do momento é que o brasileiro gosta muito de futebol), os meios de comunicação formais não têm dado atenção ao debate da energia, assim como a outros temas deixados ao relento: o reajuste dos aposentados (sem o fator previdenciário), a greve do judiciário paulista (lembro-me da surpresa de uma amiga, há poucos dias, ao constatar a existência de um curso de Administração Judiciária nos EUA), os fantasmas do Senado e, sobretudo, o debate político, que continua longe das reformas de que o país necessita de fato (hoje tem Marina no Uol, sábado às 15 horas, Serra no Roda Viva pela web).

Sobre a Copa, recomendo o artigo de Fernando Barros e Silva, na FSP de hoje (16): “Medíocre, sem brilho, apático, previsível. O Brasil fez uma estréia sofrível na Copa do Mundo. Tostão e Paulo Vinícius Coelho saberão explicar mais e melhor as deficiências dessa seleção de gladiadores. Mas mesmo aí, nessa identidade de guerreiros da pátria que foi forjada, com a mão de Dunga, para fins de mercado, há um abismo entre o que a propaganda vende e a mercadoria que foi entregue em campo”.

Enquanto isso, fiz questão de assistir ao noticiário da TVE, neste dia de estréia da Fúria (lembrando o último post deste blog, Cuenta Atrás). O principal tema de Ana Pastor foi o debate do aumento de 4% que Zapatero está propondo na tarifa de energia elétrica; o segundo, a reforma trabalhista, enquanto o país vive a ameaça de uma greve geral; o terceiro, o ajuste de E 19 bi que Bruxelas exige da Espanha. A Fúria, que no momento em que escrevo, joga contra a Suíça, não ganhou mais de 30 segundos na TVE, sob a seguinte palavra de ordem: prudência. Além, é claro das manchetes esportivas dos jornais da península, um dos quais dedicou sua manchete de hoje ao Bloody Sunday (Londonderry, 30/01/1972), pelo qual o premier britânico, ontem, pediu desculpas à nação.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Cuenta atrás


Ana Pastor, da TVE (Los Desayunos): experimente
A entrevista de Juan Luis Cebrian, fundador do El País – jornal que redescobriu a democracia na Espanha pré-Almodóvar, no fim dos anos 70 – a Elizabeth Magalhães, da Globonews (31/5, link abaixo) tinha o propósito de discutir o papel do jornalismo clássico diante das novas mídias. A conversa desviou-se (felizmente) para a ética da comunicação. Na opinião do autor de O pianista no bordel, o jornalismo sempre serviu aos interesses da elite e do poder, com raros intervalos de um anarquismo saudável que, eventualmente, produziu mudanças como a imprensa nanica, no Brasil dos mesmos anos 70.

Naquela segunda-feira (31/5), a TV aberta exibiu um Roda Viva com Fanny Ardent – artista que interpretou Maria Callas no teatro e no cinema, e que odeia ser conhecida como a ex de François Truffaut – e o primeiro CQC pós-polêmica do jornalista-humorista Danilo Gentile contra as ONGs que o acusaram de racismo (a polêmica comeu solta no Twitter). Nesse dia, somente as produções do Superpop e do Todo Seu dão deram bola para as transições da informação e da cultura contemporâneas.

Ainda no dia 31/5, Lúcia Guimarães, a vida inteligente que havia na conexão Manhanttan, comemorou a compra do seu iPad em sua coluna no Estadão, mas o assunto em pauta continuou sendo a produção de conteúdo que corre por fora da pipeline da mídia oficial.

No domingo, 1/06 (Dia da Imprensa, para o Correio Braziliense), passei os olhos pela revista Veja que se pode folhear gratuitamente na biblioteca do parque do Ibirapuera e descobri que uma salsicha tem as mesmas 400 calorias que duas colheres grandes de feijão, meio prato de salada em 120 gramas de filé de frango grelhado. Mudou a minha vida, mas, logo depois, no feriado de Corpus Christi (3/6), depois de perder a carteira e de me achar com dez reais no bolso, descobri uma farmácia do Litoral que vende Omeprazol no varejo.

No último fim de semana, tive que me render, finalmente, à histeria da Copa: a Época trouxe matéria de capa sobre pesquisas científicas provando que os jogadores de futebol não apenas têm cérebro, como dele se valem para destacar-se na sua prática profissional. Comentando a notícia com outro passante que pescava as manchetes na banca de jornais (hábito relaxante, depois de anos de internet), chegamos à conclusão de os nossos convocados são milagres ambulantes, considerando a sua origem humilde e demais obstáculos de um país como o nosso.


A divina Fanny Ardent, por exemplo, nasceu na França e cresceu no principado de Mônaco; ingressou na faculdade de Ciências Sociais (Ais-en-Provence) aos 16, curso que trocaria pelo de Arte Dramática, aos 18. Aos 21, estreou no teatro e aos 26, no cinema (Marie Poupée, 1976). Aos 30 anos, conheceu Truffaut. Um ano depois, recebeu sua primeira indicação ao Cesar – prêmio anual do cinema francês.

Frases da atriz (atual diretora), que nasceu e viveu na elite européia: “Eu admiro mais as mulheres livres, mas posso compreender que uma mulher ame a um só homem em sua vida. Tive o exemplo de minha mãe e de minhas avós, que foram livres ao amar seus homens"; "Eu amo as pessoas que ajudam os outros. Odeio fanatismo, detesto disciplina, ordem, hierarquia"; "O mundo está cada vez menos livre, cada vez com mais medo. E prefere segurança, em vez de liberdade”.

Como nas velhas rodas-gigantes e nos contos de Pirandello, às vezes, o que está em cima vai para baixo, as aparências enganam e o que parece muito importante, vira circunstância. Que o espírito da atriz ilumine os nossos jogadores já que, de hoje em diante, a nação entra na contagem regressiva daquilo que a minha musa jornalística, Ana Pastor (Los Desayunos, TVE, na foto acima) chamou hoje (9/5) de aventura africana, em sua nota sobre a Copa: Cuenta Atrás.

http://globonews.globo.com/Jornalismo/GN/0,,MUL1597101-17665,00-JORNALISTA+JUAN+LUIS+CEBRIAN+FALA+SOBRE+A+SOBREVIVENCIA+DOS+JORNAIS+DE+PAPE.html

sexta-feira, 28 de maio de 2010

São João


(Se beber, não dirija)

Por que razão uma quadrilha vestindo rosa-choque e uma bandinha com cara de fome batucam e dançam para uma câmera da Globonews, às sete horas da manhã? – Para ilustrar matéria sobre a abertura oficial das festas juninas em Caruaru-PE, com aquele texto-padrão que deveria exalar euforia, como recomendava a Leilane Neubarth, em seus media training: “Vai ter isso e aquilo, prêmios, diversão para toda a família, talvez o próprio São João reencarnado gritando: - Olha a cobra! –É mentira”.

Mas o texto que acompanha as imagens é um amontoado de mesmices burocraticamente expelidas sem nenhum entusiasmo. Reflexo do que se transformaram as próprias festas juninas no Nordeste, atacadas sem piedade pela indústria de bebidas, nos últimos anos como, aliás, a maioria das outras comemorações populares do país.

E por que as emissoras de TV cumprem, sem questionar, esse ritual, ano após ano? – Primeiro, porque os fabricantes de bebidas estão entre os seus maiores anunciantes, claro. Depois, porque a falsa alegria evita que as pessoas pensem na descaracterização de seus costumes, na educação precária, na violência e nas drogas, na poluição, nos descaminhos das religiões, nas desigualdades e em todas essas outras chatices que não enchem barriga. Nem os olhos.

Mas as novas festas juninas, se é que cabe a classificação, também interessam ao comércio, à indústria do turismo e, em ano eleitoral, àquela politiquinha de cabresto que sempre dá um jeito de aparecer nos eventos populares, nem que seja para sair numa fotinho, ao lado de um famoso, numa Caras local.

O texto da notícia de hoje (28/5), na Globonews, não deixou de informar a presença de nossos grandes artistas em Pernambuco. Todos devidamente patrocinados pelas marcas de bebidas e de cartões de crédito, também presentes nos outros carnavais. E, mais uma vez, milhares de pessoas vão lotar as praças e avenidas com a sua boa vontade, barulho, lixo e embriaguez, para realimentar a sua própria frustração, até o próximo ano, quando as lembranças já se terão esvaído, deixando um gostinho de saudade.

Pois é. A minha saudade é outra, mas não me envergonho dela. Independentemente da colheita, do solstício e das bruxas do norte, que não voltam mais, continuo preferindo o pé-de-moleque e a batata doce da fogueira, o som da sanfona caipira e, principalmente, o quentão de pinga e gengibre, em vez de Cuba Libre e Capeta.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Dunga, Mestre e Zangado



Não conheço os detalhes – não sou religioso, nem no futebol – mas agradeci aos deuses o relativo silêncio das emissoras (principalmente), sites e jornais (relativamente) em torno da seleção brasileira, neste fim de semana. Com o perdão dos amigos fanáticos – dois deles, seguidores deste blog, para minha honra e gáudio – estou na contramão da contagem da Globo: por mim, a Copa começaria às 11 horas do dia 11 de junho, a contar do apito inicial de México x África do Sul, em Johannesburgo.

Achei engraçada, a matéria da Sports Ilustrated (O samba está morto), associando a rigidez do nosso treinador ao novo perfil sócioeconômico do país (eu, se pudesse, iria à Brodway uma vez por ano); percebo as necessidades da mídia-negócio e entendo a afirmação do comentarista Edmundo (que se tornou conhecido como o Animal, enquanto jogador), ao rechaçar o mito de que a seleção entregou o jogo à França em troca de sediar o mundial de 2010: “O Brasil não tem educação nem cultura, só o futebol - por isso, somos obrigados a conviver com essas coisas”. Eu não iria tão longe.

No entanto, gostei da trava imposta pelo Dunga ao treino da seleção brasileira (OG, 22/05) porque, afinal, foram menos 48 horas de Mesa Redonda, Futebol Debate, em todos os canais de informação do país. Imaginem se a Veja resolvesse repercutir o fato, entrevistando a Sabrina Sato, do Pânico, em suas páginas amarelas, Ou se a Marília Gabriela tivesse que inquirir o Augusto Nunes e o Paulinho Moreira Leite sobre a ausência de meias na seleção, ontem (23/05) no GNT. O Augusto batia uma bolinha de vez em quando, mas o Paulinho acharia que os chineses estão boicotando a entrega de material esportivo à seleção. E montaria uma tese instantânea a respeito.

E o Manhatan Conection? – Será que o Obama, depois de solapar o Lula na questão do Irã, teria armado uma conspiração para tirar o Ganso (já nem se fala do Neimar) do escrete canarinho? – O que diriam o Caio Blinder e o Diogo Mainardi? – E o Matinas Suzuki, que anda sumido, mas prefaciou a terceira edição brasileira de Hiroshima, de John Hersey? (livro essencial). Bela salada, concordam?

– Enfim, graças ao Dunga, tivemos um fim de semana mais reflexivo, com tempo para sopesar as análises da crise européia, o equilíbrio de forças na campanha eleitoral, o veto presidencial ao fator previdenciário, a habilidade do secretário Nacional de Justiça no Nintendo iiiiiih, a vitória daquele tailandês no Festival de Cannes (encomenda do Tim Burton aos jornalistas brasileiros, que jamais conseguiram pronunciar o nome do vulcão islandês, o Eyjafjallajoekull).
Isso, entre outras questões relevantes, como o próprio bloqueio do Dunga à seleção (que não durou dois dias): - Afinal, o técnico está certo ou errado de evitar o assédio capaz de comprometer a performance do nosso time nessa competição sui generis que é a Copa do Mundo?

terça-feira, 18 de maio de 2010

As lentes de Miguilim


Cena do filme Mutum - Divulgação

Os casos de violência contra crianças, nas últimas semanas, meses, me assustam. De todos os tipos: do maníaco de Luziânia, no DF e Isabela Nardoni, em SP, ao menino assassinado por roubar um cavalo para dar um passeio, ontem (17/05), num subúrbio carioca (Emerson Pontes, 13 anos). Sem falar na pro-espancadora e na festa do netinho do vereador Luiz Gallo, de Niterói (RJ), que acabou em pancadaria. Ou na pesquisa do bullying, que desfilou pela grande imprensa, no mês passado, sem deixar rastro quase nenhum.

A doença social é um clichê, mas lembrei-me de Pai, “ralhando com Nhanina por querer empobrecer a gente ligeiro, com tanto açúcar gasto com porcaria de doces e comidas de luxo só porque os meninos e Miguilim gostavam”. E da surra no filho que levou o Pai a endoidecer e se enforcar com um cipó, com medo de haver matado o menino. Bons tempos do Rosa, dos livros. O que temos que rever? – A educação das crianças, a escola ou a qualidade dos pais?

Meus filhos não me dão netos, os filhos de quatro anos do meu vizinho de baixo brincam na academia de ginástica, os garotos do Serginho Groismann passam altas horas na Internet, o videogame já desbancou a Band e o SBT em tempo de audiência (Uol, 11/05) e temos os garotos da cracolândia, os mortos na caixa d’água, os que cheiram cola, os que dançam com malabares e toda essa ladainha que estamos cansados de ver e ouvir desde o tempo em que o disco se podia virar.

Alguns dirão que a resposta está na (ausência) da fé – pelo jeito, até dentro da Igreja – outros na matriz social, os psicanalíticos, na solidão, os economistas, na hipermodernidade de Lipovetsky (a cultura do excesso), a Palmirinha (TV Gazeta-SP, das 13 às 14 h), na falta do amor, o Hugo Possolo, no pouco incentivo à cultura – uma única virada por ano –, o presidente do Jockey, no azar de quem não apostou no Sal Grosso, no último domingo, nem ouviu o coral da Rede Globo cantando o Hino Nacional.

Eu – e, tenho certeza, uma legião de outros fãs – recomendaria uma releitura do mundo pelos óculos que Rosa emprestou a Miguilim, no desfecho de Campo Grande, lembrado acima e na bonificação que se segue, de amostra grátis: “O dia estava quente, o Grivo esbarrou para escutar a gaitinha do Liovaldo – nunca tinha avistado aquilo – e aproveitou, punha os patos para beber água num pocinho sobrado da chuva...”.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

O possível e o provável


Se você não tem 24 horas para voar à Xangai que resistiu ao massacre de prostitutas da revolução cultural, nem as míseras 12 horas que o separam da mostra do sul-africano William Kentdrige, no Moma-NY (foto) - uma excêntrica exibição de arte engajada, em plena era pós-moderna - ouso recomendar, baseado na frase colhida de um caminhão, há pouco ("Todos me perseguem, Deus me acompanha"), o seguinte roteiro: o lado B do meu amigo Robinson Machado, na galeria Mali Villas Boas, no Itaim Bibi -Tabapuã, 838; os óleos das duas bicicletas e três cadeiras de praia da exposição organizada por Andre Peticov, no espaço cultural do Empório Michelângelo (Fradique Coutinho, 798 -V. Madalena) e, diretamente do Guia da Folha, as colagens de Max Ernst no Masp e o Flávio de Carvalho do Mam-Ibirapuera. Essas duas últimas dicas dão direito, respectivamente, a uma esticada impressionista ao segundo andar do Masp e à mostra paralela do Mam, O homem nu. Entre o Masp e o Mam-Ibirapuera, você pode passar pelo mural de Eduardo Kobra, na 23 de maio. Sobre o lado B do meu amigo Robinson, no vértice da pop com a optical art, tenho observado que a atividade principal das pessoas, por mais que se aproxime do seu sentido da vida, já não basta para acomodar todas as suas inquietações, nessa era da sustentabilidade, que nos exige uma dose maior de autenticidade. Seja como for, a ilusão do eco -fornecida por este meio - reconforta e a expressão vira adrenalina. É provável que você me condene, mas é possível que aproveite um roteiro que para mim, neste fim de semana, tornou-se inviável.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Web-dia



Palavra que eu não recebi nenhum jabá da companhia aérea, até porque não sou um blogger famoso. Aliás, essa história de blogger-jabá é lenda urbana. Mas vamos à história: só no fim do dia entendi porque o Mano Menezes não quis responder às minhas três perguntas extra-futebol no vôo SP-Rio pela econômica Webjet, hoje (27/04), véspera do badalado confronto com o Flamengo. A entrevista poderia me transformar num blogger famoso, com acesso a todas aquelas vantagens-lendas inerentes a essa destacada posição nas mídias sociais.

Vejam as perguntas:

1) Você maneja bem as palavras, em suas entrevistas. É treino ou jeito para a coisa? - Muito Fernando Veríssimo? - Que jornais e revistas você lê, ou não lê? - Que rádios jornalísticas e telejornais vê/escuta? - E os sites e blogs? Quem ensinou você a manejar o twitter?

2) Os programas de Responsabilidade Social dos quais você participa (hospitais em SP e no RS) vêm de uma tradição familiar religiosa ou de uma formação política? - Existe, na sua opinião, vida inteligente (no sentido ético/estético) dentro do planeta futebol? - Quem são seus ídolos?

3) Vantagens e desvantagens de enfrentar, logo de cara, o Flamengo, depois de tanto esforço para chegar a esta fase, em primeiro lugar?

Obviamente, eu não perguntaria ao Mano Menezes se ele levaria o Neymar à África do Sul porque esta é uma prerrogativa do Dunga, como a imprensa esportiva já concluiu. O clima, no vôo, foi ameno, apesar da ameaça de cancelamento, na cabeceira da pista, por uma alegada pane geral nas telecomunicações do Santos Dumont e do assédio sonolento dos fãs - principalmente ao lateral Roberto Carlos - na econômica viagem que começou às 7h40, em Guarulhos.

Perto da aterrisagem, a tiração de sarro de praxe tomou conta do ambiente, depois das web-boasvindas e web-bomdias das comissárias: a web-pista que não chegava, a web-água da baía de Guanabara, o web-Cristo, o web-Pão de Açúcar. A razão pela qual a entrevista foi negada, portanto, não foi a TPM do jogo, nem o marketing (esse tormento contemporâneo) do mau humor, até porque essa marca já foi encampada pelo Muricy.

Mano Menezes já se autodenominara o porta-voz do dia, como me revelariam os radiojornalistas esportivos no final da tarde. "Não é hora de falar", decretou o comandante, em sua coletiva, com o objetivo explícito de "evitar a pressão da torcida carioca contra o Ronaldo". Segundo o primeiro ministro do Timão, o fenômeno tentaria aproveitar a oportunidade única de marcar, pela primeira vez, no Maracanã, lacuna imperdoável na carreira de alguém que já se consagrou como um dos maiores craques do país, em todos os tempos.

A imprensa teve que se contentar com essas duas frases de efeito. Nada de discutir a falta de heróis da nação brasileira ou a indisciplina que levou o Flamengo à situação atual e, muito menos, a impronunciável exegese dessa triste condição. Tampouco se pode discutir o penoso resgate do craque – hoje pesado e trôpego - que tanto nos deu e tanto levou de patrocinadores obesos e jovens talentos da equipe, passando pela heróica defesa da qual, o corinthiano, hoje, ousa duvidar.

Chegando ao Rio, o meu web-dia prosseguiu: o mouse do meu notebook resolveu me deixar na mão no início da apresentação para a qual eu me preparara durante um mês. Depois, fiquei sabendo por meu futuro ex-cliente que o meu concorrente vem oferecendo um produto tecnologicamente mais avançado. Em seguida, a reunião foi interrompida porque encontraram contrabando num dos navios da empresa.

Para me recompor, decidi almoçar no Sentai - um sujinho da Central do Brasil especializado em lagosta - e passei pela casa do Marechal Deodoro, pichada com 120 anos de atraso, mas não consegui atravessar a Presidente Vargas por causa de um incêndio no camelódromo local. Vaguei pelo Santo Cristo sob 36 graus e almocei correndo, mas não consegui pegar o vôo das 13h45. Enquanto esperava pelo próximo vôo, presenciei um pequeno tumulto causado por um sujeito que furou a fila do chek-in, administrado pela web-funcionária de terra com a pitoresca frase: "Vocês que se entendam".

Fui para a sala Vip tentar trabalhar um pouco, mas o cabo de internet deles não funcionava e não havia pendrive disponível. Fui a um quiosque comprar a memoriazinha, mas o web-vendedor, solidário, emprestou-me o dele por entender que os seus preços estavam muito salgados: cinqüenta reais por 2 GB. A prostituta que se apaixona, o traficante que usa a droga, os bancos que não aceitam cheques.

Não consegui transferir o arquivo do meu computador para o da sala Vip porque entre as facilities disponibilizadas aos portadores do cartão ficam escondidos por trás de uma parede de madeira para evitar roubos, fraudes, panes e demais riscos. Tentei minha web-conexão Vivo, mas o celular não funcionou, tampouco o callcenter da dita operadora, em três exaustivas tentativas.

Depois de matar todo esse tempo, tomei o web-vôo das 16h20, cuja turbulência causada por ventos de 160 km/h foram saudados pelo web-comandante como capaz de balançar um pouquinho o gelo de nossos copos ou embalar o nosso sono. Depois de nos tranqüilizar quanto ao horário da chegada, o moço informou que atingíramos nove mil metros de altura, a 760 quilômetros por hora, com uma temperatura externa de quarenta graus negativos, "razão pela qual", como assinalou, "eu recomendo aos senhores que permaneçam do lado de dentro da aeronave".

Uma web-viagem, enfim, divertida, mas que teria sido de pouca serventia, não fosse pela expressão carioca que ouvi numa banca de jornal da rua Santa Luzia, lembrando um espírito que - creio - não morrerá jamais naquela cidade: "Estou mais enrolado do que bacalhau de cobra".

Foto OESP na coletiva de hoje, 27/4/2010

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Tchaikovsky na Cracolândia



Cheguei atrasado à estação Júlio Prestes, depois de pegar uma José Paulino recém-anestesiada pelo sábado à tarde (17/4); passei pelo fantasma da velha rodoviária, contornei o finalzinho da Duque de Caxias, mas esperei como um novaiorquino por quatro angustiantes minutos, das 16h10 até o primeiro sinal do concerto, quando finalmente transpus a cancela do estacionamento que serve, tanto à Sala São Paulo, como à Estação Pinacoteca. Retirei o par de ingressos que me aguardava na recepção em tempo de ouvir o maldito Descartes berrar nos meus ouvidos:

- Você ficou de ver as serigrafias do Andy Warhool, antes!

Pensei “deve ser por isso que os franceses adoram o Brasil”, atravessei o espaço entre os dois edifícios com passada de agrimensor, subi as escadas como um macaco e varri com os olhos os retratos das rainhas daquela década – Marilyn, ele, Jackie Kennedy – e corri de volta ao concerto que inexistiu, do momento em que botei os olhos na velha estação da Sorocabana transformada em monumento à cultura e os primeiros acordes daqueles músicos magníficos assoando seus instrumentos antes do show.

Senti o peso de olhares pouco elogiosos a meus trajes inadequados - jeans e camiseta - e acomodei-me nas dobras da poltrona, antegozando o que viria.

A abertura da Clemência de Tito, de Mozart pela OSESP, foi inatacável, assim como o regente convidado, Louis Langrée. O concerto para trompete de Hummel – apresentando o solista norueguês, Ole Antonsen – levou-me à fanfarra de Ochelsis Laureano, meu professor de Música do ginásio, em Bauru-SP, onde conheci brevemente as agruras do trompete, e de lá, ao grande Miles. O concertino de Regis Jolivet, por sua vez, foi um quadro de Picasso.

Depois do intervalo, veio a 6ª. Sinfonia, cujo primeiro movimento você não vai sossegar enquanto não ouvir de novo, e que, depois, vai lhe parecer familiar, mesmo que você nunca o tenha ouvido, como tudo o que esse russo escreveu.

Pyotr Ilich Tchaikovsky (1840-1893) tentou o suicídio depois de um casamento frustrado que durou poucos meses; foi humilhado pelo mestre que entrou para a história por definir o seu concerto em Si bemol como “impraticável” e, segundo o crítico Robert Cummins (All Music Guide), não morreu de cólera, mas da ingestão de um veneno imposto pela Escola de Jurisprudência de Moscou, que se sentiu envergonhada com um episódio que expôs a homossexualidade do compositor.

Júlio Prestes concluiu a ferrovia que trouxe o café à praça onde hoje se distribui sopa a uma centena de moradores de rua da Cracolândia. Foi primeiro paulista eleito presidente da República Federativa do Brasil, mas nunca assumiu o cargo, impedido pela Revolução de 30, de Getúlio Vargas, nosso primeiro ditador. Impossível escapar das analogias, ou da idéia do que Tchaikovsky poderia fazer pelas pessoas do lado de fora, se elas tivessem a chance de ouvi-lo.

Fernando Henrique Cardoso, primeiro presidente oriundo de São Paulo depois de Júlio Prestes, embora tenha nascido no Rio, onde Vargas cometeu o suicídio, preside o conselho da Orquestra. Agradeci a ele em silêncio, ao entrar na Sala São Paulo, ao entender a orquestra. Não concordo com muitas das idéias do ex-presidente. A primeira frase que li, aliás, no verso do programa do concerto, dizia: “A música de concerto valoriza os detalhes e sons muito suaves – assim, manter o silêncio na platéia é muito importante”. Mas a frase, ou a coincidência, não passa de detalhe, numa obra respeitável. Que alimenta muitas almas do lado de dentro da estação.

A Patética me arrancou duas lágrimas e uma vontade danada de abraçar cada um daqueles músicos, mas não me impediu de comentar, antes do início do concerto, com uma vizinha de poltrona:

- Aquela garota do cello, de blusa branca, é muito boa.
- Como é que você sabe? – ela provocou.
- Estou vendo daqui – sussurrei, como um fradinho. Ela franziu o cenho e não me dirigiu mais palavra, no que fez muito bem.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A cobertura da tragédia


Foto: protesto dos ex-moradores no dia 14/4 contra prefeito de Niterói-RJ (G1)

Se você, telespectador amigo, também sentiu-se incomodado(a) com a imagem do Tonico Ferreira, naquele terno virtual que ele não consegue tirar, nem falando da floresta amazônica, ou com a perplexidade do Ernesto Paglia, diante da sanguinolenta pesca de filés precoces de atum, uma realidade que ele – pilotando sua própria série – precisa mostrar para a sua amada Ribeirão Preto, deve, como eu, pagar um tributo à competência do coringa da emissora, Marcos Uchoa, que consegue entregar uma crônica irretocável de 30 segundos (na melhor tradição de Carlinhos de Oliveira ou Drummond) para descrever como estão vivendo os sobreviventes do morro do Bumba (dia 12/4, link abaixo).

Do ponto de vista de imprensa, essa foi uma tragédia da TV, ou da TV Globo, que andou pelo Bumba um pouco antes do deslizamento. Por isso mesmo, um bom texto, nesse meio e nessas circunstâncias, faz diferença. Não foi o que mais me sensibilizou, mas precisa ser reconhecido.

A tragédia do Bumba foi um raro exemplo da TV pautando a mídia impressa, além do rádio e da internet. Mesmo assim – ou talvez por isso – a cobertura obrigou os agentes da administração pública a se mexerem, o que é fundamental, em tempos de rorizes, arrudas e de campanha eleitoral para a presidência da República (por mais evoluída que essa disputa venha a ser).

Com toda a violência que nos cerca, ninguém conseguiu ficar indiferente à calamidade fluminense, com a qual estabeleci dois pontos opostos de contato, além, é claro, da constatação da enorme fratura exposta em nossa sociedade:

1) a frase do rapaz que se salvou porque tinha saído para entregar um pedido da pizzaria da família, enquanto pai, mãe e irmã eram soterrados pela avalanche: “Eles fizeram tanto por mim, não posso fazer nada por eles”;
2) a comparação do multiprefeito de Niterói, José Roberto Silveira, entre a tragédia de sua administração e as tsunami na Indonésia (Eduardo Paes, que é de outra época, foi mais digno).

A capa da Veja – o Cristo chorando – mostrou que o photoshop não serve só para corrigir imperfeições das coelhinhas da Playboy, mas pode ir para a mesma prateleira na qual eu arquivaria o especial do Fantástico com as sobras de gravações e o link de Fátima Bernardes na suíte (dia seguinte) da catástrofe. Mas a História deve provar que todas aquelas vidas não foram perdidas em vão.

Vínhamos de uma escalada de boas notícias, a começar pela aprovação do plano de Obama para a saúde (a prova de que os bons ventos poderiam chegar até aqui está no artigo publicado hoje, 14, na página 2 do Estadão, mistificando a reforma), seguida pelo acordo para a redução do arsenal nuclear, pela notícia da recuperação do nível de emprego no Brasil, pela inauguração do rodoanel do Serra (moro ao lado da av dos Bandeirantes) e pela a queda do preço do álcool, lembrando algumas.

Nesse ponto, o desastre fluminense nos atinge com um soco no estômago: revela a fragilidade patética da infra-estrutura em nossas cidades – futuras sedes da Copa do Mundo e da Olimpíada – dissolvem o otimismo inconseqüente, a hipocrisia, as falsas promessas, a conversa fiada e a iniqüidade social que nos esmaga e obriga irmãos ou vizinhos a construir moradias nas encostas do sofrimento, da ignorância e da ilusão. Alguma coisa tem que mudar.


sexta-feira, 26 de março de 2010

Mídia e Justiça



Fernando Sarney quer cobrar os seus U$ 13 milhões bloqueados do tesouro, por vazamento de investigação da PF

A censura ao Estado de S. Paulo é abominável. No Brasil, um sujeito que é apanhado com a boca na botija posa de vítima, como observou recentemente o antropólogo Roberto Da Matta, referindo-se à roubalheira em Brasília (mensalão, para mim, é reducionismo). Isso quando não ameaça recorrer á Justiça para ressarcir-se de bens não declarados – como no caso do Sarney empresário – e processar o FBI – como no caso do Maluf.

As reforma gráfica e editorial do Estadão melhorou muito a qualidade do bom jornal que ele sempre foi. As mudanças da Folha, lideradas por Sérgio Dávila, prometem. Ambos os processos refletem a crise da informação remunerada. Que pode se complicar muito se, associadas à evidente editorialização desses meios, a ela somarmos outras restrições como essa absurda censura imposta ao jornal.

O presidente Lula tem todo o direito de reclamar do viés que a grande imprensa, muitas vezes expõe, na cobertura a seu governo, por mais equívocos verbais e políticos que ele possa cometer. A editorialização da grande imprensa vem se acentuando, nos últimos anos, parte em consequência da crise acima referida, parte pela customização (pesquisas, didatismo, prestação de serviços), justificada pela necessidade de reter o público-alvo. Mas muito, ainda, infelizmente, pela defesa de idéias próprias que, queiram ou não, sempre permearam a atividade jornalística (o quarto poder).

Mas sempre que um veículo identificado com o atual governo – como a Carta Capital – publica uma critica a esse mesmo governo, que uma revista Veja consegue defender uma questão social, ainda que de um ponto-de-vista conservador, ou que uma Folha de S.Paulo dedica a metade de sua capa (25/3) ao protesto dos professores contra o governo Serra, virtual candidato da classe média e alta que estão no centro de seu target, eu comemoro.

Porque, não tem jeito: sem uma imprensa livre, os desmandos, as mazelas, os Arrudas, os Rorizes, os Malufes e os Fernandos Sarneys continuarão desviando da sociedade os recursos de que ela necessita para fazer-se representar num governo voltado às suas reais necessidades, interesses e utopias: como a utopia de uma imprensa livre, justa e soberana.

terça-feira, 23 de março de 2010

Os planos de saúde de lá e daqui


Parabéns à Folha de S.Paulo e ao Estadão, que perceberam a importância da aprovação do plano de saúde de Barak Obama, dedicando suas respectivas manchetes de ontem (22) ao fato. Não pude ver O Globo. O Estado, que talvez odeie os bancos mais do que o próprio Obama pós-subprime, comemorou o fato hoje (23), em editorial. Nos telejornais da manhã de ontem (22), o julgamento dos Nardoni inundou a programação. Minhas primeiras informações sobre a vitória do presidente norte-americano sobre as seguradoras e a indústria da medicina foram obtidas via TVE, CNN, Bloomberg e BBC.

Não gosto do tom confessional de alguns blogs, mas a pressão do trabalho me impede de ir muito além disso, neste post. Só queria registrar uma ponta de inveja em relação à democracia deles, na qual um governante que enfrenta uma crise de popularidade consegue um avanço social tão importante, enfrentando os poderosos interesses dos setores financeiro e hospitalar, em benefício do povo: simples assim. A ira dos republicanos ficou patente no trechinho de seção da Câmara mostrado pelos telejornais da noite, que, no entanto, não deram muita importância ao fato. Aqui, interesses mesquinhos entravam a aprovação de um projeto importante como o Pré-Sal.
A notícia do projeto de Obama poderia/deveria ter alcançado os meios de comunicação de hoje com suítes sobre a nossa situação nos âmbitos da saúde pública e privada, inversamente proporcional à conquista dos 32 milhões de norte-americanos beneficados pelo projeto de um presidente que está longe de desfrutar da popularidade do nosso. O único reflexo que presenciei na mídia local, além da breve observação do Guto Abranches (Conta-Corrente) quanto ao impacto positivo da aprovação do plano de saúde norte-americano no desempenho das bolsas, ontem, foi no programa Compras, Muito Mais, de Ariane Freitas, na CBN de hoje (23) - e todas as terças - sugerindo uma pressão maior da nossa agência reguladora sobre os planos de saúde.

Os planos de saúde, no Brasil, lideram as estatísticas do Instituto de Defesa do Consumidor, IDEC, pelo décimo ano consecutivo, com 22,3% das reclamações transmitidas ao órgão.